quarta-feira, 27 de novembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
LITERATURA CEARENSE
O Ceará é terra de muitos escritores e poetas importantes no cenário nacional, podendo-se citar, dentre muitos outros: José de Alencar, Domingos Olímpio, Rachel de Queiroz, Adolfo Caminha, Antônio Sales, Jáder Carvalho, Moreira Campos, Gustavo Barroso, Patativa do Assaré, João Clímaco Bezerra, Ana Miranda etc.
A literatura cearense foi sempre caracterizada por florescer em torno de grupos literários. O primeiro desses grupos de desenvolvimento literário foi Os Oiteiros, que, embora mantendo os padrões típicos do Arcadismo, soube encontrar uma cor local para descrever o fugere urbem e o carpe diem típicos daquela escola.
Casa de José de Alencar mantida pela Universidade Federal do Ceará. A humilde casa da família Alencar virou museu e pode ser visitada. |
José de Alencar, nascido em Messejana (hoje anexada como bairro a Fortaleza), é considerado o principal romancista do Romantismo brasileiro. Suas obras tornaram-se bastante famosas, especialmente O Guarani, Iracema e Senhora.
No final do século XIX, surgiu a Padaria Espiritual, uma agremiação cultural formada por jovens escritores, pintores e músicos. Marcada pela ironia, irreverência e espírito crítico, bem como por um "sincretismo" literário, a Padaria Espiritual se expressava por meio do jornal O Pão. Muitos autores criticavam as instituições e valores então vigentes. Para alguns críticos literários e historiadores, a Padaria Espiritual pode ser considerada um movimento pré-modernista que já apresentava alguns aspectos do Modernismo, que só surgiria com força em São Paulo quase trinta anos depois. Assim, de certa forma, o Ceará foi pioneiro em desenvolver uma literatura irreverente, relativamente informal e sincrética. A Academia Cearense de Letras foi fundada em 1894 e durante muito tempo foi a principal instituição literária do estado, congregando alguns dos nomes mais ilustres da literatura estadual. Hoje, existem diversas instituições similares em todo o Estado do Ceará. A sua criação inspirou, porém, alguns anos mais tarde, a formação da Academia Brasileira de Letras.
O Modernismo se consolidou no Ceará por meio do movimento Clã, fundado nos anos 40, que congregou diversos escritores renomados cearenses: Moreira Campos, João Clímaco Bezerra, Antônio Girão Barroso, Aluísio Medeiros, Otacílio Collares, Artur Eduardo Benevides, Antônio Martins Filho, Braga Montenegro, Manuel Eduardo Pinheiro Campos, Fran Martins, José Camelo Ponte, José Stênio Lopes, Milton Dias, Lúcia Fernandes Martins e Mozart Soriano Aderaldo.
Na década de 70, surgiram outros dois importantes grupos literários no Ceará: O Saco, uma revista artística inusitada, pois era distribuída com folhas soltas guardadas dentro de um saco; e o Grupo Siriará, que reuniu diversos jovens escritores, propondo uma literatura cearense autêntica e desvinculada dos estereótipos que se estabeleceram na retratação literária do ambiente cearense.
O Ceará também possui escritores pós-modernistas renomados, embora, em sua maior parte, pouco conhecidos. Podem-se citar, dentre eles, Pedro Salgueiro, Natércia Campos, Airton Monte, Tércia Montenegro, Raymundo Netto dentre outros.
Desse modo com estes dados coletados na wikipedia, vimos sugerir a leitura destes renomados literatos cearenses, somando-se a eles o sabor da atualidade contido na Antologia Confrades do Verso, que estará sendo brevemente oferecida a público.
Fonte: Texto básico (o original foi alterado) coletado em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_do_Cear%C3%A1
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
CANTO AO CEARÁ
POESIA PREMIADA EM 2010 – CANTO AO CEARÁ
XII Prêmio Ideal Clube de Literatura
Poesia selecionada para coletânea do XII Prêmio Ideal Clube de Literatura. Obra lançada no dia 21 de janeiro de 2010. Seu título é: CANTO AO CEARÁ.
Poesia que escrevi para minha terra natal, embora seja da opinião que todo cidadão é cidadão do mundo. As relações de cada um com o planeta é formada por ondas concêntricas, que formam um todo. Primeiro a casa em que se morou, depois o bairro, a cidade, o Estado, o País, O Continente, o Planeta... Sem nenhum excluir a importância do outro. Cada local tem a sua devida importância subjetiva e objetivamente igual importância. Tentei unir o pensamento moderno do poeta com o estilo de cordel numa lingugem clássica.
Gonçalves Dias em sua “Canção de Exílio”, através de sua terra, homenageou o Brasil. Camões, com “Os Lusíadas”, cantou todas as conquistas dos portugueses. Homero com a “Ilíada” eternizou a história do povo grego.
Depois de muitas andanças pelo Estado do Ceará e continuo peregrinando, escrevi um canto ao meu Estado natal. Inspirado, sobretudo, pela cultura e pelas paisagens. Se gostar divulgue. Se quiser e puder, comente! Que os que não forem cearenses consigam ver o Ceará pela lente da minha poesia, os que forem cearenses, caso não gostem, minhas desculpas. Boa leitura e espero agradar:
Não sou amigo de Homero
Nem sou parente de Dante
Licença, pois vou adiante
Com nada me desespero
Virgílio me inspira, eu quero
Apoio me dá Camões
Vieira com os seus sermões
E a força de Patativa
Vem Cego Aderaldo e ativa
Razão, sentir, emoções
Com todas as forças penso
Minha mente um reboliço
Protege-me Padim Ciço
Benção de Beato Lourenço
Meu pensar fica então denso
Avisto Frei Damião
Ibiapina dá-me a mão
Enfrento universo inteiro
Ao meu lado Conselheiro
Dos deuses a proteção
Das páginas da Iracema
As brisas da inspiração
E da Normalista, então
O real invade o tema
E de Galeno o Poema
De Raquel a força bruta
Do Quinze que o país enluta
Reforcem minha criação
Fogo à imaginação
Que brote poesia astuta
Paisagem bela e lunar
Na praia de Morro Branco
Vou-lhe confessar sou franco
Jericoacora não há
Igual éden, duna e mar
Serras de Baturité
E de Araripe da fé
Chapada da Ibiapaba
No alto o Ceará se acaba
Ao infinito onde der!
Corre o Rio Jaguaribe
Atravessando o sertão
Em tempos de sequidão
Artéria que não se inibe
Produz riqueza e PIB
Ao norte o Acaraú
Com o Rio Coreaú
São construtores da vida
Às suas margens o homem lida
Irrigando o solo nu
Tem a gruta de Ubajara
Os casarões de Icó
Crato, florestas que só
As dunas que o vento apara
Seco sim, mas não Saara
Lugares dos mais insólitos
Tem Quixadá dos monólitos
Tem mar, serra e sertão
Mulheres belas que são
Senhoras de homens acólitos
Ceará de sol intenso
Nas praias bronzeador
Carrasco no interior
Pai da seca e calor denso
Do sertão sem fim, imenso
Pátria do mandacaru
Banha-o a bica do Ipu
Tem único e ímpar luar
Carnaubais a dançar
Sob céu sem igual azul
Ceará doce Ceará
Do corajoso vaqueiro
Da praia do jangadeiro
Do artesão, renda e cantar
De repentistas a criar
De grandes compositores
Paraíso de escritores
Tapioca e rapadura
Que leva o turista à loucura
Com seu povo, o belo e cores...
Mesmo o cidadão que emigra
Pro Norte ou Sul do país
Kafka eterno infeliz
A distância causa intriga
Mesmo a miséria inimiga
Não o separa da terra
Que seu alicerce encerra
Sempre sonhando voltar
Com vida ou pra se enterrar
Nada atrapalha ou emperra
Tão grande amor instintivo
Não há maior sentimento
O voltar melhor momento
O partir fá-lo inativo
E da saudade cativo...
No Ceará o forasteiro
Seja rico ou sem dinheiro
Que resolve nele morar
Atesta no paraíso estar
O melhor do mundo inteiro!
Fonte: valdecyalves.blogspot
sábado, 23 de novembro de 2013
POEMA DOS DONS - JORGE LUIS BORGES
POEMA DOS DONS
Ninguém rebaixe a lágrima ou censura
Esta declaração da maestria
De Deus, que com magnífica ironia
Me deu mil livros e uma noite escura.
Desta terra de livros fez senhores
A olhos sem luz, que apenas se concedem
Sonhar com bibliotecas e com cores
De insensatos parágrafos que cedem
As manhãs ao seu fim. Em vão o dia
Lhes oferta seus livros infinitos,
Árduos como esses árduos manuscritos
Que pereceram em Alexandria.
De fome e sede (narra a história grega)
Morre um rei entre fontes e jardins;
Eu erro sem cessar pelos confins
Dessa alta e funda biblioteca cega.
Enciclopédias, atlas, o Oriente
E o Ocidente, eras, dinastias,
Símbolos, cosmos e cosmogonias
Brindam os muros, mas inutilmente.
Lento nas sombras, a penumbra e o nada
Exploro com o báculo indeciso,
Eu, que me figurava o Paraíso
Como uma biblioteca refinada.
Algo, que nomear ninguém se atreva
Com a palavra acaso, arma os eventos;
Outro já recebeu noutros cinzentos
Ocasos os mil livros e esta treva.
Ao errar pelas lentas galerias
Chego a sentir com vago horror sagrado
Que sou o outro, o morto, tendo dado
Os mesmos passos pelos mesmos dias.
Qual de nós dois escreve este poema
De um eu plural e de uma mesma mente?
Que importa o verbo que me faz presente
Se é uno e indivisível o dilema?
Groussac ou Borges, olho este querido
Mundo que se deforma e que se apaga
Em uma pálida poeira vaga
Que se parece ao sonho e ao olvido.
Ninguém rebaixe a lágrima ou censura
Esta declaração da maestria
De Deus, que com magnífica ironia
Me deu mil livros e uma noite escura.
Desta terra de livros fez senhores
A olhos sem luz, que apenas se concedem
Sonhar com bibliotecas e com cores
De insensatos parágrafos que cedem
As manhãs ao seu fim. Em vão o dia
Lhes oferta seus livros infinitos,
Árduos como esses árduos manuscritos
Que pereceram em Alexandria.
De fome e sede (narra a história grega)
Morre um rei entre fontes e jardins;
Eu erro sem cessar pelos confins
Dessa alta e funda biblioteca cega.
Enciclopédias, atlas, o Oriente
E o Ocidente, eras, dinastias,
Símbolos, cosmos e cosmogonias
Brindam os muros, mas inutilmente.
Lento nas sombras, a penumbra e o nada
Exploro com o báculo indeciso,
Eu, que me figurava o Paraíso
Como uma biblioteca refinada.
Algo, que nomear ninguém se atreva
Com a palavra acaso, arma os eventos;
Outro já recebeu noutros cinzentos
Ocasos os mil livros e esta treva.
Ao errar pelas lentas galerias
Chego a sentir com vago horror sagrado
Que sou o outro, o morto, tendo dado
Os mesmos passos pelos mesmos dias.
Qual de nós dois escreve este poema
De um eu plural e de uma mesma mente?
Que importa o verbo que me faz presente
Se é uno e indivisível o dilema?
Groussac ou Borges, olho este querido
Mundo que se deforma e que se apaga
Em uma pálida poeira vaga
Que se parece ao sonho e ao olvido.
Um poema de Borges, traduzido por Augusto de Campos, no livro QUASE BORGES - 20 Transpoemas e uma entrevista, do selo Musa Rara/Terracota.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
DECÁLOGO DO PERFEITO CONTISTA, DE HORACIO QUIROGA
Horacio Silvestre Quiroga Forteza
(Salto,
31 de dezembro de 1879
Buenos
Aires, 31 de dezembro de 1937)
foi um escritor uruguaio famoso por seus contos |
por Horacio Quiroga
trad.: Henry Alfred Bugalho
I
Creia em um mestre — Poe, Maupassant, Kipling, Tchekov — como em Deus mesmo.
II
Creia que sua arte é um cume inacessível. Não sonhe em domá-la. Quando puder
fazê-lo, você o conseguirá sem mesmo sabê-lo.
III
Resista o quanto puder à imitação, mas imite se o influxo for forte demais.
Mais do que qualquer outra coisa, o desenvolvimento da personalidade é uma
grande paciência.
IV
Tenha fé cega não em sua capacidade para o triunfo, senão no ardor com que o
deseja. Ame a sua arte como à sua namorada, dando-lhe todo seu coração.
V
Não comece a escrever sem saber desde a primeira palavra aonde vai. Em um conto
bem realizado, as três primeiras linhas têm quase a importância das três
últimas.
VI
Se quer expressar com exatidão esta circunstância: “Do rio soprava o vento
frio”, não há em língua humana mais palavras do que as apontadas para
expressá-la. Uma vez dono de suas palavras, não se preocupe em observar se são
consoantes ou assonantes entre si.
VII
Não adjetive sem necessidade. Inúteis serão quantas notas de cor adicionar a um
substantivo débil. Se achar aquele que é necessário, apenas ele terá uma cor
incomparável. Mas tem de achá-lo.
VIII
Tome seus personagens pela mão e conduza-os firmemente até o final, sem ver
outra coisa além do caminho que lhes traçou. Não se distraia vendo o que eles
podem ou não lhes importa ver. Não abuse do leitor. Um conto é um romance
depurado de cascalho. Tenha isto como uma verdade absoluta, mesmo que não seja.
IX
Não escreva sob o império da emoção. Deixe-a morrer, e evoque-a depois. Se for
capaz então de revivê-la tal qual foi, terá chegado à metade do caminho na
arte.
X
Não pense em seus amigos ao escrever, nem na impressão que causará sua
história. Conte como se seu relato não tivesse mais importância do que para o
pequeno ambiente de seus personagens, dos quais você poderia ter sido um. De
nenhum outro modo se obtém a vida do conto.
Biografia do autor
Horacio Silvestre Quiroga Forteza (Salto, 31 de dezembro de 1879 — Buenos Aires, 31 de dezembro de 1937) foi um escritor uruguaio famoso por seus contos, que geralmente tratavam de eventos fantásticos e macabros na linha de Edgar Allan Poe e de temas relacionados à selva, sobretudo da região de Misiones, na Argentina, onde Quiroga passou parte da vida.
Sua obra mais famosa são os Cuentos de amor de locura y de muerte (1917; título sem vírgula no original), na qual se encontra o célebre conto A Galinha Degolada.
Em 1937, após ter sido diagnosticado com câncer, Quiroga cometeu suicídio, ingerindo uma dose letal de cianureto.
Fonte: Publicado
originalmente na SAMIZDAT 32
Assinar:
Postagens (Atom)